O começo do sonho, a fase de recrutamento

Com a Força Aérea a necessitar de complementar os seus quadros com pilotos milicianos voluntários para a guerra no Ultramar, Na década de 60 começou a ser comum a formação de pilotos em dois e três cursos anuais, ao mesmo tempo que corriam os cursos de pilotos para o quadro permanente. Normalmente, o avião de instrução básico era o Chipmunk, seguido pelo T-6 ou helicópteros AL II e/ou Al III, enquanto os oficiais do quadro permanente faziam o curso também em T-37 e Fiat G-91. No palco ultramarino, voavam o Fiat G-91, o T-6, o DO-27, o Al III, mais tarde o Puma SA-330, para além do velhinho Dakota DC-3 e do NordAtlas, com aparições mais ou menos fugazes de outros aviões da “pesada”, desde os DC-4 e DC-6 aos B-26, e já na década de 70, os Boeing 707, de transporte de e para a Metrópole.

É com base nesta necessidade de formação que surge em Maio de 1968 (contemporâneo do movimento estudantil em França) o anúncio que leva cerca de quinhentos candidatos a voluntariar-se ao curso de pilotagem, cuja selecção nas instalações da FAP na Av. Da Liberdade, 240, em Lisboa, apurou apenas cerca de dez por cento do total, com guia de marcha para se apresentarem na BA 7, em São Jacinto,  no Outono de 1968, entrando logo de seguida de licença registada até ao início do curso em Janeiro de 1969.

Os exames médicos e psicotécnicos aos mancebos voluntários decorreram no final do Verão de 68, numa selecção rigorosa e muito exigente, num ambiente desconhecido para muitos dos candidatos, sendo que a maioria nem conhecia Lisboa, ficando quase todos instalados na BA 1 em Sintra, usando as camionetas da Força Aérea para o transporte diário. E assim, entre exames médicos e as sessões de psicotécnicos , incluindo as entrevistas com o Dr. Cabral de Sá, se passaram algumas semanas até à decisão final da desejada aptidão para o Curso de Pilotagem. Nestas semanas de convivência se cimentaram as bases do futuro Espírito Viralata, desenvolvido e apurado nas camaratas, nos exercícios de instrução militar, nas salas de briefing, enfrentando as praxes, a rígida disciplina militar e as dificuldades das aulas de voo que se seguiram.

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